Opinião: Gestão de mídias sociais na política exige resiliência para lidar com ódio e “fake news” contra assessorados

Por Noelisa Andreola*

Numa era em que todos podem ter acesso à informação em apenas um clique em suas redes sociais, tornou-se essencial levar o fazer político ao meio digital. Assim, usamos esses meios para promover o diálogo entre político e cidadão. Porém, temos que lidar não apenas com a informação que promovemos nas redes, mas também com  o impacto que ela irá gerar na comunidade virtual. 

É válido lembrar da Teoria da Bala Mágica, de que a mensagem não chega aos receptores de maneira vertical, sempre há ruídos na comunicação. Hoje a manipulação da informação e a liberdade para que qualquer pessoa “jogue na rede” o que bem entender dificulta muito o processo de levar a notícia de fato, nesse caso, ao eleitor do seu assessorado, quando se trata de comunicação política. 

Lidamos constantemente com a onda da criação de notícias falsas, as chamadas “fake news”, que são propagadas por um grupo específico: as famosas guerrilhas criadas para disseminar conteúdos que desfavorecem os oponentes de seus rivais. O que ocasiona em uma grande rede de desinformação que pode tomar proporções gigantescas e, até mesmo, colocar para escanteio a candidatura política de alguém. 

Essas reflexões estiveram presentes no curso de Marketing Político nas Redes Sociais, da Faculdade Cásper Líbero, proporcionando a troca de experiências entre professores e profissionais atuantes na área para que melhoremos esse espaço que se tornou vital para os detentores de cargos públicos. 

Mais proximidade, maior cobrança

Enquanto gerenciadores de mídias sociais de grandes ou futuras lideranças políticas brasileiras, precisamos de jogo de cintura para encarar a constante demanda gerada por esses locais de fala. A comunicação mais prática também gerou a cobrança mais rápida.

Para nós, detentores dessa responsabilidade de fazer a ligação entre político e cidadão, é necessário aprender a palavra mais chata de todas: resiliência. Iremos lidar todos os dias com mensagens de ódio, com pedidos inalcançáveis, com comentários em massa, e com os fatídicos memes – a maioria deles são divertidos, confesso. 

Mas, por outro lado, sanamos dúvidas primordiais para os cidadãos que às vezes só possuem aquele canal de comunicação para conseguir ter acesso a informação, seja sobre onde pode-se pagar o IPVA do carro ou para verificar se os boatos que circulam sobre o político em que votou são reais. Isso nos oportuniza reverter uma situação que em outros tempos seria inimaginável.

A internet aproximou as pessoas e criou um meio essencial para nos comunicarmos com o cidadão, mas ainda precisamos evoluir muito na questão da regulamentação desse canal. Enquanto isso, lidamos com os prós e contras desse ambiente que nos proporciona emoções iguais à de andar numa montanha-russa todos os dias, quando abrimos as redes sociais de nossos assessorados. 

*Noelisa Andreola é servidora pública no governo de Mato Grosso, onde atua como social media do atual governador Mauro Mendes. Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela Universidade de Cuiabá (UNIC), é pós-graduanda em Produção em Cinema e Mercado Audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Já atuou como repórter de Cidades e Cultura no Jornal Circuito Mato Grosso, de Política e Judiciário no site Gazeta Digital e foi radialista na Rádio Paiaguás.