Por Agência Bori*
Cientistas de dados e jornalistas estão entre os perfis no Twitter mais mencionados por pesquisadores brasileiros ao tratar de Covid-19. A análise, do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), com dados do Science Pulse, baseia-se nas citações da comunidade científica brasileira sobre o tema em 2020.
Ao todo, foram analisadas mais de um milhão de citações feitas no Twitter, mapeadas pelo Science Pulse, ferramenta gratuita de social listening focada na comunidade científica. A análise utiliza a mesma base de dados de estudo feito em dezembro, cujo relatório foi antecipado pela Bori, que identificou os cientistas, especialistas e organizações científicas mais influentes na conversa sobre o novo coronavírus na rede social entre junho e outubro de 2020. As redes de conexão entre os diversos perfis foi construída pelo IBPAD a partir de um código em R, que tabulou os dados em nós e arestas conforme a disposição das publicações na base.
Os perfis mais citados incluem cientistas não mapeados pelo Science Pulse, bem como outros porta-vozes relevantes para a divulgação da ciência, como cientistas e jornalistas de dados. Eles foram organizados em cinco categorias: pesquisadores e instituições brasileiras; comunidade global de cientistas; perfis internacionais de articulação; pioneiros sobre Covid-19 nas redes e instituições de ponta. Ser mencionado no Twitter não significa, no entanto, endosso do discurso. A plataforma, praça pública de opinião, pode ser utilizada pelos usuários para reivindicar ou criticar atores na rede.
No grupo de pesquisadores e instituições brasileiras, os perfis mais mencionados são de cientistas de dados, jornalistas de ciência, dados e saúde. Aparecem também os perfis da Folha de S. Paulo e do Estadão, principais veículos de imprensa citados. No perfil da comunidade global de cientistas, professores universitários e perfis institucionais, como o do Center for Disease Control & Prevention (CDC), recebem mais menções. O perfil do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agora banido da plataforma, foi um dos 25 mais mencionados pelo grupo.
Poucas interações com perfis de políticos
A análise também mostra que não há uma conversação intensa por parte dos especialistas monitorados pelo Science Pulse com outros tipos de perfis, como veículos de imprensa, órgãos governamentais ou, até mesmo, políticos. Proporcionalmente, esses perfis são pouco mencionados. O presidente Jair Bolsonaro não está nem entre os 200 mais mencionados no grupo brasileiro.
“Esperávamos que perfis de imprensa fossem aparecer com maior frequência dentre os mais citados pelos cientistas e especialistas. Isso não aconteceu, pelo menos em relação ao grupo brasileiro. A ausência também de políticos dentre os mais citados mostra que não há, pelo menos no grupo de especialistas e cientistas, um esforço de responsabilizar ou cobrar respostas de governantes”, analisa Pedro Meirelles, pesquisador do IBPAD responsável pela pesquisa.
Mesmo assim, os pesquisadores analisam que a comunidade científica no Twitter, que se consolidou durante a pandemia, tem um papel relevante. “Ao informar e debater publicamente resultados científicos nestas redes, essa comunidade tem papel central no combate à desinformação e na orientação da população durante a pandemia”, conclui o analista de dados do Science Pulse Lucas Gelape.
Perfis mais citados pelo grupo “pesquisadores e instituições brasileiras”
@Capyvara | 1.923 menções
@TemCiencia | 1.490 menções
@rafalpx | 1.410 menções
@andre_biernath | 1.383 menções
@bollemdb | 1.336 menções
@tarantulae | 1.299 menções
@veramagalhaes | 965 menções
@msoares | 822 menções
@generosoMD | 797 menções
@anarina | 723 menções
@turicas | 713 menções
@melmarkoski | 634 menções
@folha | 546 menções
@schrarstzhaupt | 545 menções
@Estadao | 500 menções
*Agência Bori disponibiliza conteúdos sobre pesquisas nacionais para republicação