Tatiana Dourado: “Engajamento em torno de ‘fake news’ é mais orgânico do que artificial”

Fake news são mensagens que forjam evidências para serem lidas como novidades, geralmente urgentes e de interesse público. Essa é a definição da pesquisadora Tatiana Dourado para essa expressão tão esvaziada de conceito no debate político contemporâneo. A jornalista, que pesquisou o tema na tese de doutorado “Fake news na eleição presidencial de 2018 no Brasil” pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), atualmente é pesquisadora na Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP), onde acompanha os desdobramentos das campanhas de desinformação, com interesse também nas eleições municipais de 2020.

Para ela, “fake news” são mais graves quando se tornam populares porque “conseguem furar bolhas ideológicas e atingir um perfil de cidadão com baixo envolvimento político, mas desconfiado de tudo”, o que pode ser ainda mais problemático na disputa eleitoral dos municípios, já que o pleito tem “menos visibilidade midiática, quase nada de jornalismo local e muito menos projeto de fact-checking”. E apesar de bots e mecanismos automatizados de disparo de mensagens terem um papel importante, os achados da pesquisadora mostram que “o engajamento em torno de fake news tende a ser mais orgânico do que artificial”. 

Na entrevista a seguir para Afonte, Tatiana detalha esses e outros resultados da pesquisa, projeta desafios para as eleições deste ano e comenta limitações do “PL das Fake News”. Confira:

Na sua tese de doutorado, você problematiza “fake news” e eleições presidenciais de 2018. O que te motivou a investigar esse assunto?
Eu entrei no doutorado com um projeto de pesquisa elaborado no ano de 2015 que visava estudar, no âmbito da democracia digital, iniciativas de jornalismo independente dedicadas a reportagens aprofundadas estruturadas em torno de dados públicos e de recursos digitais. Em 2016, com o doutorado iniciado, comecei a me interessar menos pelo jornalismo e mais pelos fluxos de informação política nas plataformas de mídias sociais. Passei a observar, de forma bastante exploratória, a desqualificação das notícias (publicadas pelo jornalismo profissional) por parte de coletivos da nova direita, como o MBL e muitos outros, e a ascensão de conteúdos políticos de caráter mais opinativo e divisionista nas arenas políticas digitais. A timeline do MBL no Facebook e no Twitter, com a agressividade direcionada à imprensa e todo o conjunto de websites que eles conseguiram oficializar como fontes legítimas de informação, foi meu lócus de reflexão por muito tempo para a reestruturação do projeto de pesquisa. 

A minha inquietação girava em torno do paradoxo da pluralidade de ideias versus baixa qualidade informativa, e o impacto disso no reforço de ideologias radicalizadas e no (des)conhecimento político. Não tinha terminologia para nomear aquele tipo de conteúdo já bastante polarizado, disseminado por uma profusão de fontes, e passei a observá-lo sob o prisma da informação política e do modelo de cidadão bem informado. Termos como desinformação ou fake news não estavam na pauta ou não me chamavam atenção, e, em algumas conversas, eu passei a chamar isso de contrainformação. Foi um momento muitíssimo angustiante, porque precisava de um novo projeto, com este novo objeto, para a disciplina Seminários Avançados, obrigatória no meu PPG (Comunicação e Cultura Contemporâneas, UFBA). Montei um novo projeto bastante abrangente, que tratava da difusão de informação política e do uso de notícias para fins de postagens opinativas (comentários, críticas e etc.), por parte de diferentes atores (indivíduos, influenciadores, políticos, partidos, coletivos, movimentos e etc.), que serviam de gatilhos para ação política online. No fundo, queria examinar a experiência do consumo informativo baseado em timelines na construção do conhecimento político e no reforço de crenças.

O ano correu e as eleições de 2016 passaram com novidades em forma de fake news, pós-verdade e realidade alternativa. Nesse contexto, afunilei o projeto, em conversa com meu orientador, para o objeto fake news. Por mais desafiador que pudesse parecer, recortar o estudo em torno das fake news foi positivo para operacionalização metodológica, para sistematização da pesquisa e, acredito, para entendimento do fenômeno. Como observava este cenário de informações políticas bastante polarizadas desde antes, também sabia que precisaria situar fake news de maneira relacionada com tipos muito distintos de conteúdos e discursos potencialmente nocivos online. Fake news nunca foram tratadas de maneira isolada, ou como peças de comunicação que surgem do nada, mas de forma completamente correlacionada com o clima de opinião hostil que se forma em redes políticas online. A premissa que guiou o trabalho foi a de que fake news são sínteses argumentativas, ou pontas de lança, de todo um fluxo informativo moldado por hiper-partidarismo, animosidade, intolerância e etc. que transita facilmente entre redes em diferentes plataformas digitais. 

O que você define como “fake news”?
Eu precisei estruturar um entendimento conceitual para operacionalizar a tese do ponto de vista teórico e metodológico. Precisava, antes de tudo, reconhecer o objeto, para poder pesquisá-lo. Em linhas gerais, considero fake news falsificações distribuídas digitalmente com o sentido de notícia. Isto é, fatos 100% falsos, passíveis de verificações, portanto possíveis de serem desmentidos. Nessa lógica, rumores, distorções de toda ordem, coberturas sensacionalistas ou tendenciosas da imprensa, comentários e opiniões delirantes e radicais, impropérios proferidos por líderes políticos ou mensagens conspiratórias, não são fake news. A mentira pode ser usada de muitas formas. No caso de fake news, mentiras são transformadas em fatos (aqui, fatos políticos) e apresentadas publicamente como notícias. Com isso, quero dizer que fake news forjam evidências (com montagens, citações, assinaturas, linguagem direta) para serem lidas como novidades, geralmente urgentes e de interesse público. Penso que o caráter de novidade é o que propicia a circulação em larga escala em muitos desses casos. Nesse sentido, fake news disputam o sentido de notícia por serem situadas publicamente como fatos novos que precisam ser conhecidos pelo maior número de pessoas possível. Isso não quer dizer que sejam peças objetivas. Fake news costumam reproduzir afetos políticos (positivos e negativos), partidarismos, conspirações e extremismos, assim como podem ser usadas para fortalecimento de vínculos, para campanhas de ataque ou para fomentar processos de desconfiança social. 

Como as “fake news” se relacionam com a descredibilização da imprensa e o enfraquecimento da democracia representativa nos últimos anos?
Sabemos que desmentidos sobre política, saúde e outros temas são objeto de trabalho de diversas iniciativas muito antes das últimas eleições. O que aconteceu no ano eleitoral de 2018 é que fake news foram tão populares e relevantes na discussão pública quanto o conteúdo moderado, analítico e informativo. Isso foi possível porque grupos específicos se fortaleceram a partir de ataques sistemáticos e agressivos contra imprensa, política, políticos, partidos, instituições democráticas e etc. por longos anos, pelo menos desde 2013, em páginas e grupos no Facebook ou WhatsApp, e em suas contas no Twitter. No Brasil, episódios como o assassinato de Marielle, a greve dos caminhoneiros e a ansiedade pela prisão de Lula foram muito marcantes porque falsidades do tipo fake news obtiveram ampla circulação online, de modo a gerar impactos na política, afetar decisões judiciais e distorcer a opinião pública com efeitos diretos no clima e nos rumos das eleições. Mais do que discursos polarizados, fake news são mais graves quando se tornam populares porque conseguem furar bolhas ideológicas e atingir um perfil de cidadão com baixo envolvimento político, mas desconfiado de tudo, cético da política e intolerante a um mínimo indício de perversão moral. Polarização política partidária e a presença de afetos negativos contra grupos, ideias e ideologias são força-motriz deste processo. Fake news não seriam populares sem desqualificação da imprensa, sem comportamento apolítico e sem a percepção de crise generalizada. 

Na pesquisa, você analisa conjuntos de “fake news” por número de propagadores e compartilhamentos. Por que esses elementos são relevantes? 
Exatamente. No que se refere aos propagadores, o objetivo foi a de entender os tipos de contas que desempenham o papel de líderes de opinião, mesmo que ocasionalmente, no processo de distribuição de fake news. Volume de compartilhamento foi o critério escolhido, nesse sentido, para compreender o alcance online de cada conjunto de fake news, mas também a relevância desses diferentes tipos de propagadores (basicamente, perfis pessoais, páginas e perfis pessoais em grupos públicos) nesse processo de espalhamento em diferentes plataformas de mídias sociais. Analisamos 1.073 contas responsáveis pela propagação de 57 conjuntos distintos de fake news e encontramos que perfis pessoais são os mais frequentes e os mais relevantes (tendo em vista o volume de compartilhamento) vetores de distribuição de informações falsas. Isso se mostra bastante alinhado com a política das “redes sociais digitais” que considera mais relevante a interação interpessoal e o fortalecimento do vínculo de confiança mútua entre usuários do que conteúdos publicados por páginas, mesmo sendo de meios de comunicação profissionais. Fake news passam a ser nocivas porque, até pelo sentido de novidade e urgência, conseguem alcançar rapidamente diferentes públicos e furar bolhas ideológico-partidárias. Mas essa popularidade só acontece porque elas são repassadas de indivíduo a indivíduo, entre contas reais e falsas, entre plataformas abertas e fechadas, em um ambiente de trocas informativas informais, despreocupadas e fragmentadas. O efeito colateral desse modelo centrado na influência interpessoal abre espaço para publicação e compartilhamento de informações não-verificadas, de baixa qualidade e falsas, multiplica o número de intérpretes dos fatos sociais, bem como reduz os custos do acesso à informação política e da tomada de decisão por parte de indivíduos. 

Qual o papel dos influenciadores na propagação de “fake news”? E dos robôs?
Influenciadores e robôs, a meu ver, cumprem papeis bastantes diversos para formar climas de opinião, para distribuir narrativas convenientes e para amplificar fake news. Com isso, quero dizer que ambos são atores importantes, que se complementam, em diversos pontos da cadeia da desordem informativa. Podemos considerar influenciadores digitais como líderes de opinião com influência muito proeminente dentro de redes digitais específicas e/ou amplas. Atores do tipo, inclusive políticos e jornalistas, são centrais para pautar ideias, consolidar argumentos e alimentar conversações nos ambientes digitais a partir de discursos divisionistas, agressivos e polarizados. Posts com opiniões incivis, intolerantes e muitas vezes extremistas recebem centenas de milhares de curtidas, comentários e compartilhamentos, e essas métricas de popularidade ficam visíveis a todos. O uso de bots e trolls, no campo da política suja, ajuda a amplificar ações individuais e coletivas muito importantes para promoção de determinados climas de opinião online

Eu vejo esse processo como prévio ou concomitante à circulação de falsificações de caráter noticioso como enxergo fake news. Se fake news nascem sem um clima de opinião hostil fortalecido ou junto a campanhas de desinformação em curso não se tornam tão virais assim. Outro ponto é que influenciadores e robôs também compartilham fake news propriamente ditas, é claro. Nesse caso, o papel dos influenciadores se torna ainda mais decisivo para que fake news invadam mais rapidamente a esfera pública e distorçam a opinião pública, criando clima de caos social como no caso de Marielle Franco e de vários episódios eleitorais. Robôs, por sua vez, podem amplificar, mas não são vetores centrais no processo de distribuição de fake news. Medimos o grau de robotização na pesquisa e chegamos à conclusão que a maior parte das contas relevantes não se assemelhava ao comportamento de bots. O engajamento em torno de fake news tende a ser mais orgânico do que artificial. 

Que aspectos da interferência de “fake news” no debate político eleitoral você pôde identificar a partir da pesquisa?
O fenômeno deve ser entendido sempre de forma bastante entrelaçada à discussão pública e aos processos político-sociais. Fake news ganham efeito viral em meio ao debate político acalorado. Com isso, quero dizer que, mesmo sendo essas histórias deliberadamente inventadas, já que são montadas para aparentar notícias, elas circulam em larga escala principalmente quando já existe clima de opinião consolidado ou em conformação que pavimenta o caminho da validação social. Entretanto, fake news, diferente de outros discursos nocivos, apela para a novidade, isto é, falsifica evidências para se apresentar como algo urgente que precisa ser compartilhado. O caráter noticioso, portanto, a meu ver, dá força para que essas falsificações se espalhem entre bolhas ideológicas/partidárias/morais e se expandam para redes mais periféricas, como grupos de família, de pais de alunos, de amigos da escola. 

Quando conteúdos falsos se tornam virais passam a ser nocivos sob qualquer ponto de vista, mais ainda em eleições, em crises políticas e em pandemias. O que acontece é que a dinâmica não é assim tão encadeada. Muitas vezes, aparece uma série de rumores e de conteúdos opinativos, em diversos formatos e em várias plataformas, antes daquilo ali ser sintetizado como fake news. No período pré-eleitoral, foi possível ver como diversos elementos da discussão pública radicalizada se convertiam em fake news. Isso aconteceu no caso da greve dos caminhoneiros ou na ansiedade diante da prisão ou não de Lula. Nas eleições, a saga da fraude nas urnas é muito simbólica no sentido de mostrar como fake news podem ter implicações na realidade e se avolumar, já que novas fake news foram propagadas após erros dos eleitores no registro do voto na urna. Fake news têm repercussões no debate político, nos rumos da política e na realidade, com desdobramentos violentos em muitos casos, mas não devem ser tratadas como bode expiatório e nem de forma apartada aos processos políticos. Isso porque, em geral, ideias presentes nas peças de fake news já são endossadas publicamente por muitos atores, inclusive autoridades públicas e políticos, e circulam sem pudor, em forma de comentários e opiniões, nas mídias sociais. 

É possível estabelecer uma relação direta entre a propagação de conteúdos enganosos e o resultado das eleições?
Essa é o mesmo dilema sobre os efeitos das mensagens produzidas pelos media, pela propaganda política ou pelo conteúdo micro segmentado na tomada de decisão de voto e na qualidade das democracias. É uma inferência difícil de ser feita, embora seja oportuno que análises preditivas sejam realizadas e que hipóteses (como o efeito priming, entre outras) fossem testadas. De todo modo, sabemos que muitos acreditam ou passam a acreditar em fatos completamente falsos que circulam como fake news em períodos eleitorais ou durante pandemias. Sabemos também que são conteúdos com maior centralidade hoje no debate político e na esfera pública do que antes e que isso se reflete na construção da realidade social. 

Na sua avaliação, a propagação de conteúdos enganosos se intensificou após as eleições de 2018 ou o que mudou foi a atenção dada a esse fenômeno desde então?
Sim, acredito que a quantidade de conteúdos enganosos, de todo tipo, continua a circular em ritmo crescente desde a eleição de 2018. Isso não acontece por acaso, mas alinhado a discursos anti-ciência proferidos e publicados por membros do governo, bem como por uma infinidade de indivíduos online indispostos a acolher conhecimento que confronte suas ideias de mundo. A abordagem negacionista dada à pandemia da Covid-19 é muito grave porque demonstrou que centenas de milhares de mortes não são suficientes para que líderes políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro deixassem de defender a hidroxicloroquina e curas milagrosas para o tratamento da doença.    

Em 2020, as eleições municipais ocorrem em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem sido vetor de desinformação nos últimos meses. Além disso, as normas de distanciamento impõem restrições à tradicional campanha “corpo a corpo”, o que deve intensificar as ações de campanha em redes digitais. Como esse contexto pode influenciar o debate eleitoral nas cidades?
Ótima pergunta e é isso o que vamos acompanhar. Acredito que modelos e técnicas empregadas anteriormente sempre são reproduzidas e sofisticadas em outros níveis e lugares. Nas grandes capitais, principalmente naquelas onde a disputa for mais acirrada e/ou que estejam no páreo atores que já são alvo de polarização em âmbito nacional, acredito que haverá circulação de fake news e de uso de táticas de campanhas de desinformação. Em geral, eleições municipais são muito complicadas porque têm menos visibilidade midiática, quase nada de jornalismo local e muito menos projeto de fact-checking. Muitas cidades são dominadas historicamente por grupos políticos poderosos e campanhas de ataque dirigidas ao adversário costumam ser feitas mais com infraestrutura das rádios. Agora, naturalmente isso pode ser feito de forma combinada com WhatsApp e Facebook, que são as plataformas mais populares. O uso de aplicativos móveis e plataformas de mídias sociais poderia, por outro lado, servir para mobilizar eleitores para romper com esses sistemas de poder em algumas dessas cidades e regiões.

Como você avalia medidas que tentam regular a propagação das “fake news”, a exemplo do chamado “PL das Fake News”? E que estratégias você considera mais adequadas para combater a desinformação? 
Acredito que exista certa ilusão de que um PL seja capaz de impedir a circulação de fake news e de higienizar discursos nocivos e perigosos nos ambientes digitais. A meu ver, é irônico um PL que pretenda equalizar o problema da disseminação de “notícias falsas e manipuladas”, sendo inclusive apelidado de PL das Fake News, mas que incorpora o discurso de que não há conceito para fake news. A meu ver, essa é a maior incongruência do PL. A Alemanha regulou o tema rápido porque sabia que não haveria tolerância para discursos de ódio seja na internet seja em manifestação de rua. No Brasil, o que vamos regular? Conteúdos intolerantes? Discursos extremistas? Impropérios de políticos? Conteúdos falsos? Mensagens com indícios de automatização? A linha de pensamento é regular o problema sem saber, de fato, o que é o problema. A meu ver, abdicar de um conceito, de uma linha de atuação, dá margem para uso político e abre caminhos para aplicação conveniente, e até autoritária, da regulação. 

Outra questão que precisa ser discutida é uma ideia dicotômica entre regular comportamento x conteúdo, como se parâmetros para mensurar automação fossem precisos e como se o comportamento fosse indicativo de falsidade ou manipulação. Há contas que cumprem todos os pré-requisitos de indicativos de automação, mas que são de pessoas reais. Há contas que aparentam ser de pessoas reais, mas que são falsas. Há discursos extremistas e de ódio que são publicados por esses dois tipos de perfis, que são curtidos e compartilhados por engajamentos artificial e orgânico. O debate que aparta comportamento de conteúdo, para mim, também parece improdutivo. Seria mais simples definir o que é intolerável para qualquer democracia. Afora isso, em linhas gerais, a vontade política de aprovar um marco regulatório brasileiro não deve prescindir de processos que garantam discussão ampla para que alguns consensos sejam atingidos e soluções sejam construídas. Isso não é inédito em um Brasil que já conseguiu formatar um Marco Civil da Internet e que recentemente aprovou a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. 

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